terça-feira, 2 de março de 2010

Somos ano todo


O inverno e o verão são dois momentos completamente diferentes. E que raramente dividirão o mesmo espaço. Essa é a lógica que a maioria das pessoas insiste em querer me provar que é verdade. Como verdade, porém, é a relação que fizemos com nossas certezas e dúvidas, para mim, verão e inverno foram feitos um para o outro.
Explico. Teriamos a possibilidade de passar metade da nossa vida dando bola para o tempo. Reclamando do frio ou do calor. Sendo o verão e o inverno parte de uma unidade só, seriamos o ano todo. Não haveria mais estações. Não haveria mais razões para não sermos um ano inteiro. E assim seguir a vida? Calma, calma. Um ano de cada vez.
Assim sendo, o que me resta é esperar o frio. E com ele o teu calor. Assim como no próximo verão, sentirás minha refrescância. Sim, sim. Podemos sim ser ano todo. E porque não dizer que o verão e o inverno se tornaram meros cenários de uma história que nem o tempo poderia apagar.
O inverno e o verão podem sim ser uma coisa só. Como na primavera. E nós podemos sim ser ano inteiro. Basta entender a capciosidade do tempo, que hoje insiste em mandar esperar. Esperar o que? O inverno, óbvio.

Palco


Como toda historia, essa não poderia ser assim tão diferente. Como toda história, há euforia, drama, suspense. Como toda história, a plateia atenta, espera o final feliz. E como sempre, chega o momento em que todo mundo pensa que realmente não haverá solução. O problema é quando a plateia e os personagens principais se misturam.
Não há porque subir em palcos. Não razões para acreditar que vender o ingresso mais caro é a solução. Mas a gente vende. Um preço salgado. Que nem sempre o bolso pode pagar, mas que a certeza do bom espetáculo faz valer. Ainda assim, um preço que vale a pena pagar. E nem há meia-entrada para estudantes.
Os personagens principais, ficam em seus camarins. Arrumando o cabelo, passando o perfume, maquiando-se. Conversam apenas por um biômbo que separa os dois camarins. Na verdade, quem ouve a conversa, acha que eles realmente estão um do lado do outro. E quem está do lado de um deles, sabe que realmente, eles querem é subir no palco.
Não há cachê. Não há couver. Há apenas o desejo de fazer a melhor apresentação da vida. Há a vontade de ganhar o mais sincero aplauso. Contudo, há a necessidade de entender: ser artista principal não precisa fingir, basta apenas transparecer em suas palavras as dores que insistem em calar o mais afoito cronista. Subo no palco, e espero não mais um monólogo, mas um diálogo. Diálogo dos corações que insistem em conversar.