terça-feira, 13 de abril de 2010

Não desliguei o telefone


O sentimento que se perde num breve momento de esquecimento, é o mesmo de quem perde para a vida inteira. Sim, por vezes é esse o sentimento que tenho. Que determinados segundos podem mudar minha vida para qualquer lado. Que eu deveria estar mais atento ao meu telefone, e que eu deveria ligar mais.
Hoje, não sei mais tantas coisas como já soube. Hoje, do amanhã tenho certeza que cinco minutos será muito. Carregados de sentimentos escondidos atrás de palavras que penso antes de dizer. Não queria pensar. Queria falar. Mas liguei o filtro. E de todas as coisas que eu digo, a mais genuína talvez seja um mero: Sinto saudades. Genuína.
Hoje, já não sei mais se sou dúvida ou incerteza. Acho até que sou passado. De um futuro que nunca veio. Hoje, quero entender metodicamente como é minha vida. E vivo. Como nunca deixei de viver. E de seguir em frente. Mas nunca esqueça: meu telefone estará sempre ligado. Talvez eu ligue de novo. Hoje, me preocupo apenas em viver. E vivo, é claro.

terça-feira, 6 de abril de 2010

O que é um beijo mesmo?


Não é falta de memória. Pode ser falta de sentimento. Não é falta de razão, pode ser falta de momento. Afinal, o que é um beijo mesmo? Como o tempo que passa e finge que nada aconteceu ou como o sonho que passa e finge que não dormiu. É como a estranha lucidez do que deu errado e a gélida sensação de ter ouvido o que não queria precisar dizer. É ser duro com as palavras, antes que os sentimentos fossem duros de mais com o seu silêncio. É a promessa de amanhã, que ontem não se cumpriu. É o viver mais exato que hoje projeta o amanhã. Ou o amanhã que em instantes esfria o que antes podiamos ver tão claro. Viajo! E como pretendo mesmo viajar. O beijo de fato, nem acontece. Acontece de eu lembrar, volta e meia, o quão é difícil compreender o que o silêncio pretende dizer. E por isso não me calo. Deixo o silêncio correr entre sonhos e poesias. Devaneios tolos que buscam entender porque ontem não parece um beijo, mas sim uma espartódia que engole a dor. A dor de beijar amargamente a distância.