terça-feira, 6 de abril de 2010

O que é um beijo mesmo?


Não é falta de memória. Pode ser falta de sentimento. Não é falta de razão, pode ser falta de momento. Afinal, o que é um beijo mesmo? Como o tempo que passa e finge que nada aconteceu ou como o sonho que passa e finge que não dormiu. É como a estranha lucidez do que deu errado e a gélida sensação de ter ouvido o que não queria precisar dizer. É ser duro com as palavras, antes que os sentimentos fossem duros de mais com o seu silêncio. É a promessa de amanhã, que ontem não se cumpriu. É o viver mais exato que hoje projeta o amanhã. Ou o amanhã que em instantes esfria o que antes podiamos ver tão claro. Viajo! E como pretendo mesmo viajar. O beijo de fato, nem acontece. Acontece de eu lembrar, volta e meia, o quão é difícil compreender o que o silêncio pretende dizer. E por isso não me calo. Deixo o silêncio correr entre sonhos e poesias. Devaneios tolos que buscam entender porque ontem não parece um beijo, mas sim uma espartódia que engole a dor. A dor de beijar amargamente a distância.

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