segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Dos porquês

Escrevo ouvindo Nenhum de Nós - Amanhã ou depois

E quando se percebe, só nos restam perguntas. E quando se percebe, só nos resta tentar descobrir quem somos agora diferente daqui que eramos antes. Só restam perguntas. Só restam porquês. E o que é preciso realmente nem se sabe por onde começar. O hoje é uma dor muito forte de um passado. Que se tenta refletir.

Não é autobiográfico. Tão pouco autopiedoso. É a simples tentativa de responder a complexa pergunta. Por que? Nem sempre estar pronto para viver com alguém é maturidade suficiente para não viver com esse alguém. A maturidade da vida e a maturidade das relações não andam lado a lado. Afinal, o que é maturidade mesmo? E por que ser maduro?

Não é psicográfico. Tão pouco autosuficiente. É a simples tentativa de mostrar um caminho novo. De mostrar que é possível seguir. E que é necessário seguir. E de que, do tempo que passou, tire o que tiver de proveitoso, exclua o que te fez sofrer realmente, e não perca a certeza de que a pergunta por vezes, é necessária para o aprendizado.

Não é definitivo. Tão pouco conselho. É simplesmente a oportunidade de dizer que toda vez que a gente fecha os olhos e procura dentro de nós mesmos quem somos, encontramos. Podem passar 10, 20 anos. A essência permanece. E essa é a que realmente impulsiona para que hoje, em meio a tantos porquês, seja possível acreditar que o entendimento maior, é, na verdade, tentar entender-se numa vida nova do que os motivos que realmente fizeram chegar até aqui.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Das saudades recentes

Ouvindo Scracho - Canção pra te mostrar

E o dia segue. Tenho que acordar às 7, mesmo só levantando às 8. Tenho que sair do trabalho às 19, mesmo acabando às 18. Sigo tendo que botar óculos para os filmes legendados. Sigo ignorando os óculos para os dublados, mesmo precisando. Sigo com saudade do filho, mesmo conversando. Sigo aqui. Vivendo.

E assim haveria de ser. O mundo não parou. A vida não parou. A rotina antes descrita, não é a rotina de outrora. A temida rotina ainda não há. A inquietude sim. E das coisas que não faziam parte do meu cotidiano, tenho saudades recentes. Daquelas que se pega pensando o porquê foi tão rápido. Ou ainda, se ainda há possibilidade de ainda ser. Das novas rotinas, fica a dúvida do que foi e a incerteza se será.

Das coisas mais alucinantes. Nas ligações de olhos fechados. Aquelas que se bobear sentia o calor. Daquelas que a distância era só física. Daquelas que eram mais que um "boa noite". Das coisas mais simples. Do primeiro oi ao primeiro beijo. Mudou muito. Do primeiro beijo a saudade. Do toque. Foi um só?

Das saudades recentes creio que é a que mais vale a pena. A que mais pode ser. A que pode fazer feliz. A que eu queria fazer feliz. Hoje, já nem sei se quer mais. Hoje, nem sei como vai. E tenho até receio de perguntar. De certo mesmo, é que amanhã vou acordar às 7 pra levantar às 8...

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Alho e óleo

Escutando Adeus - Moptop

Hoje bateu o gourmet. É praticamente o prato da casa. Massa ao alho e óleo. Um vinho, futebol na TV, a casa arrumada, roupa limpa e a chuva na janela. Só restou cozinhar. Sozinho mesmo. Como de praxe. Me sentindo acompanhado, apesar de sozinho. Volta e meia, me sinto só, apesar de acompanhado. Amargo como o alho. Hoje, suave como o vinho.

Hoje bateu o intolerante. Nada que pudesse tentar me irritar foi aceito de maneira fácil. Quer falar, terá que ouvir. Assim o foi no trabalho. Assim na vida pessoal. Assim é. Hoje é. Não ha chuva que me perturbe. Mesmo sem guardachuva. Não há chuva que me perturbe. O intolerante de hoje é como a janela fechada pra chuva. É preciso fechar. Sem titubear.

Queria bater na tua casa. Ontem. O vinho errado e a porta certa. A hora tarde e o dia corrido. Hora extra ou hora a mais? Ontem queria bater na tua casa. Deixar de me sentir sozinho acompanhado. Hoje a hora é cheia. E a massa é alho e óleo. Hoje bateu o nostálgico. Ele dormiu e acordou com a sensação de ter feito a coisa certa. E dorme com a sensação de que o vinho, mesmo errado, é sempre o certo.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Pode dar certo



Não há momento que passe que se deixe de pensar na construção. E tudo que se precisa é saber que é preciso arriscar. É preciso viver. E mais do que isso, é bom ver que se quero algo, tenho que acreditar. E é preciso crer. Em algo. Em alguém. Em um Ser ou em um só. E tornar o pensamento realidade.
Tem notícias que são melhores. Outras nem tanto. E hoje as notícias parecem boas. Eu quero acreditar que pode sim ser. É bom ver a melhora dos outros. E é melhor ainda crescer junto. É bom não desistir. É melhor ainda ter porque lutar. Bom mesmo é viver pra lutar e vencer tudo isso. Hoje, deve ser um dia desses.
O melhor de tudo é isso acontecer sem ter visto ninguém diferente. Saber que isso vem de dentro. Que essa força acontece, simplesmente, como tem que acontecer. E que não adianta esperar acontecer, é preciso fazer. Construir. Desde o inicio até onde é possível chegar. E aí sim vem o grande desafio.
Estava precisando conversar comigo mesmo. Estava precisando me ouvir também. E não há nada melhor do que o entendimento entre alma e espírito. E esse espírito, agora, escreve, aflito. Misturando as coisas. Confundo a cabeça e relaxando o coração. É preciso viver. E mais do que isso, é preciso se jogar. De algum lugar muito alto. Chame de ego. Chame de arrogância. Chame como quiser. Eu a isso chamo de autoconfiança. E essa, ainda bem, não me falta.

sábado, 8 de outubro de 2011

Dos engarrafamentos

Ouvindo Amy Winehouse - Valerie

É quando se sai de casa que as coisas realmente acontecem. É quando se abre os olhos, que as coisas realmente realizam. E também, é só querendo ir a algum lugar que se encontra engarrafamento. E destes, o melhor que se tira é o tempo para pensar no que fica e onde se está indo. Dos engarrafamentos, esse talvez seja dos mais tranquilos.

O grande problema dos engarrafamentos é que eles nem sempre são somente no trânsito. Por vezes, são na vida. Tem sempre algo, alguém, uma razão verdadeira ou um motivo banal querendo interromper o curso normal que deve-se seguir. O problema mesmo não é ficar parado na estrada interrompida. Ruim mesmo é ficar parado em uma pista, atravancado enquanto todas as outras andam.

Não sei dirigir. Não tenho carteira. Não gosto de trânsito e muito menos de fila. Não sei bem porque, mas volta e meia me vejo irritado parado numa fila de horas no supermercado. Em banco então, nem se fala. Pra dizer a verdade, em alguns momentos, a fila é para mim a prova de que realmente minha paciência tem limite. E a minha se vai na hora que tenho que esperar.

Não sei se meu pensamento anda engarrafado. Se minha solução está na pista ao lado ou se realmente a estrada está parada. O negócio é não deixar no ponto morto. É seguir viagem. Fui e voltei. E não sei se realmente há algo ou se o medo de seguir me faz do puxador de uma fila que, por vezes, parece não ter fim.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O cara das tatuagens


Existe alguns lugares em que definitivamente eu não sei o que fazer. Um desses, certamente, é o elevador. É o lugar onde os carentes querem assunto. Praticamente é uma central de meteorologia. E pra esse tipo de assunto eu não tenho paciência alguma. Por isso já subo de fone de ouvido, para não precisar mostrar meu lado Cléo Kuhn.

Pois hoje vou compartilhar uma situação inusitada que aconteceu. Estava eu, como de praxe, voltando do almoço, caindo de sono, quando entram no elevador mais três pessoas. Eu, de camisa de botão, calça engomada, sapato de bico largo, bem engraxado e só não usava gel no cabelo por falta deles.

Ao meu lado, uma jovem, cabelos longos, negros, olhos castanhos, mais ou menos 1,58m, que se tornavam 1,65 diante de tal salto. A frente, uma loira, cabelos cacheados, decote profundo, daqueles que dificultam qualquer concentração, sapato de bico fino. A frente, a figura mais inusitada. O tatuador.

Diferente da padronização dos demais, estava de bermuda e de regata. Nas orelhas alargadores maiores que um rolo de durex. Cabelo raspado, mas que ao final, fica comprido, indo até o meio das costas. Fora ter metade do rosto tatuado. Não sei bem se era a vontade dele, mas chamou a atenção. Me fez sentir inútil por passar meia hora passando a camisa e engomando a calça.

Naquele silêncio do elevador, surgiram várias perguntas com os olhos. Sem nenhuma palavra, o diálogo entre os quatro era tão evidente que na saída todos se despediram. Me perguntei, em algum momento, se não seria eu feliz de bermuda e regata. O alargador dispenso. Mas parece-me que quanto mais padronizado o mundo fica, mais nítido fica que todos querem o diferencial.

Fui trabalhar. Padronizado. Na forma de atender o telefone, na forma de me sentar, na forma de escrever emails, quase que automaticamente. Dali por diante, não consegui mais trabalhar direito. É necessário quebrar paradigmas. É preciso chamar atenção por aquilo que se é, e não mais por aquilo que se espera de nós. E como fazer isso? Definitivamente não sei. Só sei que, naquele maldito elevador, poderia ter alguém a perguntar: 'Será que chove?' Me sentiria muito melhor.