quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Sextas


Não sei se isso acontece só comigo, mas faz uns três dias que tenho pensado que hoje seria sexta-feira. Não sei se foram as seguidas semanas com feriado ou as seguidas semanas sem viajar, só sei que hoje é pra mim é sexta feira. E amanhã pode ser outra, talvez. É como se eu tivesse que encerrar tudo hoje. E descubro que amanhã haverá mais.

Isso nem é tão frequente na minha vida. Na maioria das vezes consigo dominar o tempo. Tenho ciência exata de onde estou e de onde preciso chegar. E, mais importante, onde quero chegar. Não vejo o tempo como adversário, como a maioria das pessoas. Não me incomodam as segundas de manhã. Tenho no tempo, normalmente um aliado.

Mas hoje, como eu vinha contando, tive no tempo um mero conhecido. Daqueles que se passa na rua, se cumprimenta, mas nem sempre se sabe algum detalhe da sua vida ou do que realmente aflige. Começo a pensar que ando tão preocupado com meus problemas que nem me preocupo com o tempo. Preciso simplesmente resolver e pronto.

Hoje, na minha primeira sexta-feira dessa semana, fiquei pensando nas coisas que precisaria fazer e nas coisas que teria que deixar pra semana que vem. Não tenho esse costume. Se preciso resolver, resolvo. Na verdade, a única coisa que o tempo me preocupa é quando me desafia a resolver as coisas que realmente me interessam. Não preciso provar nada a ninguém. Desde que eu tenha provado tudo pra mim mesmo. O tempo passa enquanto eu vou buscando mostrar pra mim mesmo o que é preciso e que sexta-feira que vem, na minha, tenha tudo dado certo para que eu saiba exatamente o caminho até lá.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Dos inconvenientes



Tem a hora do arrependimento. A hora em que se usa o telefone para algo que nem se sabe porque. Tem sempre a hora da piedade. E também a hora da autopiedade. E nessa hora, quero passar bem longe. Faz um tempo que tirei o sentimento de pena das coisas legais de sentir. Sinto somente como repúdio. E tem a hora do inconveniente.

Na verdade, apesar de nem sempre parecer, tenho muito medo de me tornar inconveniente. Não tenho medo de pensar ou dizer o que realmente sinto. Mas sinto um receio muito grande de ser obsoleto. Isso acontece volta e meia. Não porque eu queira, mas porque simplesmente acontece. E dessas, nem sempre eu consigo escapar.

Mas quando isso acontece e eu sinto na hora, a vontade é única. Posso simplesmente desligar o telefone, fingir que caiu a linha. Fingir que acabou o crédito do telefone de conta. Mas segue-se. Um pingo de dignidade diante de uma situação tão constrangedora. O constrangido nesse caso, precisa ser também o solucionador do próprio constrangimento.

Tem a hora em que você pensa que as pessoas não precisam ser gratas por nada. Tem a hora em que não precisaram ser tão ingratos assim. Por vezes, as tentativas falhas de resolver problemas também são tentativas. Por vezes, quando se tenta uma solução das coisas para alguém, se esquece que ninguém vai resolver por nós. E nessa hora me pergunto: realmente eu era o inconveniente?

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Das almas e das luzes

Escrevo ouvindo Maná - Bendita tu luz

Todo dia, chega a hora de apagar a luz. Aquele momento em que os olhos castigados pelo computador acabam exigindo que o escuro predomine. Todo dia tem a hora que o corpo exige que se apague. Que os braços, as pernas e todo o cansaço do dia fique apagados. E desse cansaço é o que mais me assunta. Não há como definir se ele apagará nossa alma.

É sempre preciso saber que tem horas que eu preciso desligar. E ultimamente, inclusive, tenho desligado na hora errada. É a hora da bobeira. É a hora do dia em que eu deveria estar aqui mas estou longe. Não tão longe assim. Não tão perto. Apenas não estou aqui. E nessas horas que eu viajo para algum lugar na minha imaginação, é a melhor hora para encontrar minha alma.

De noite, antes de dormir, penso em como fazer do dia de amanhã uma nova experiência, mas sempre acabo amarrado a uma ideia que nem minha é. Acabo abraçado num plano que nem eu fiz. Mas que sim, tenho que viver. Todo o dia quando acordo lamento o fato de ter que ser tudo igual. E tem que ser?

Cada frase que eu deixo de escrever hoje, sei que será o dobro amanhã. Mas, como sempre digo, o desafio é a base daquilo que sou. A inquietude permanece. O medo, por vezes, aparece. Mas das coisas que mais tenho certeza é que a cada noite, quando vou dormir, deixo viva minha alma e minha luz. Não há nada mais triste do que alguém que relute em apagar-se. E isso, pra mim, certamente não quero.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Pra onde?

Ouvindo Snow Patrol - Chasing Card

Qual realmente são as certezas que você tem hoje? De que mais sente falta? De onde tira forças pra seguir? Tenho me perguntado isso todo dia quando acordo. Tenho tentado me responder isso todo dia. E até acho que tenho me saído bem. Algumas vezes me atrapalho. Tropeço, respiro e sigo. E volta e meio me respondo: Vale a pena.
Quanto mais eu tento me entender, mais me mariofernandizo. Por vezes, a vontade é de sair correndo. Por vezes a vontade é de deitar debaixo de um cobertor bem quente e dormir o fim de semana todo. Tem dias que eu até consigo. Tem domingos que eu nem saio de casa. E tem dias que eu eu me pergunto: De onte tirar forças pra seguir?
Tem horas que é melhor nem parar pra pensar nisso. Afinal, pensar de mais nessas coisas me faz doer a cabeça. O que alivia é saber que eu tenho firme na minha cabeça o que quero. O porque estou e onde quero chegar. O que não alivia é a inquietude de fazer com que as coisas sejam mais do que deveriam ser. O que alivia é responder: Vale a pena?
Por vezes tudo da errado. Outras tantas certo. O que mais me inconforma é quando elas não acontecem. Daí sim. Bate a revolta e as coisas se misturam mais do que minha visão sem óculos. E não há distância, longe ou perto, que me faça ver melhor. Havia muita sujeira na frente, então resolvi limpar os óculos. Por vezes a gente procura o problema onde ele definitivamente não está, daí me pergunto: Existe realmente problema?

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Das bandas e das garagens


Não é preciso parar muito para lembrar das coisas que realmente fizeram diferença na vida. Até porque sempre tem alguém pra lembrar. Sempre tem alguém pra contar de novo a mesma história inesquecível. E de lá o que mudou? E dentro, o que mudou? O que, na verdade, da saudade que sinto agora me torna melhor é saber que tudo foi vida. E tudo vivido.
Nem que eu queira voltar. Nem que eu mesmo possa ter de novo toda aquela vontade, nada substituirá a nostalgia das tardes trancado numa garagem, no calor, ou das noites no meio do nada, no frio. Nada faria com que melhor eu fosse daqui pra frente. Até porque nada consegue ser mais significativo do que eu fui no passado. É a base. É o solido. O resultado muito maior que o próprio resultado, é o que eu trago comigo.
Das grandes ilusões que eu tive, certamente que essa foi das melhores. Das boas. Não a ilusão sofrida de não ter alcançado, mas a ilusão doce de um dia ter sido o star do quintal ou pop do retiro, ou a música que atravessou fronteiras e que, na ilusão coletiva, quase nos levou pra longe, mesmo que num quarto 2mx2m.
Das grandes felicidades e dos grandes amigos, tenho especial apresso por aquele que conseguiram comigo viajar naquilo que era um grande devaneio. O devaneio que pra alguns deu certo, pra mim foi essencial. A viagem que pra alguns era bobagem e que pra mim foi a complexidade de fazer com que 4 fosse 1, mesmo sem nunca ter conseguido na música, conseguiu-se muito na vida. E a essa vida digo: "Quantos dias talvez eu tenha esquecido das coisas tão boas que nós já passamos juntos". Disso, graças, não esqueço. Ainda bem.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Existe um porto seguro?

Ouvindo Fresno - Porto Alegre Imagem: Porto de Pelotas

Navegar é preciso. Sair, correr, descobrir o que se tem pra descobrir. Encontrar o que realmente faça sentido. E sentir o que realmente faz de um hoje a verdade plena daquilo que ontem não era mais suficiente. Sai. Vai até onde tem que ir. E tenta ao máximo mostrar que mesmo longe é possível estar presente. E esse é o meu desafio de hoje.
Existem algumas coisas que eu penso sempre que nunca serão para mim. Dentre sonhos e vontades, acho que tenho medo de encontrar um porto seguro. Na verdade aquilo que um dia achei que poderia ser um se mostrou tão ardiloso. É meu e não adianta. O receio de transformar a segurança em comodismo. E a acomodação me perturba. E a incomodação volta.
Na realidade, todo mundo "precisa de alguém que lhe dê segurança", mas nem todo mundo sabe ser suficientemente realista pra viver sem ela. O medo me leva em frente. O medo me trouxe até aqui. Vencedor ou vencido, ainda não sei. A batalha ainda está posta. O medo ainda há. A batalha ainda está posta.
Preciso de um porto seguro? Não sei. Na verdade, ainda nem sei se o meu existe. Ou vai saber se não sou eu o porto seguro. E de tão necessário, acabo me tornando obsoleto quanto as questões banais e simples. Sim. O respeito vale mais. Assim como ao mar. A ponto de ficar sentado, olhando, pensando sobre todas as possibilidades. Respeito ainda é mais importante. A segurança pode nem ser um porto. E eu, pergunto-me somente: Existe um porto seguro?

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Silêncio




É a moral de tudo. Querendo ajudar só se atrapalha. Não aos outros, mas a si mesmo. Essa é a verdade. Saber fazer silêncio é preciso. Saber falar urge. Mas tem horas que o silêncio e a palavra são tão unilaterais que assusta. E por isso é preciso dizer: Silêncio. Ainda que doído (e não doido). Silêncio.

É preciso ouvir. É a razão do ser. Mais difícil é saber ouvir. E quase impossível é compreender o que é ouvido. A temática é sempre a razão daquilo que não pode acontecer. Ninguém sabe realmente ouvir. Dá-se tempo para o contragolpe. Ganha-se tempo para que o próximo passo seja dado. São os dados do outro sendo jogados enquanto se prepara o próximo movimento.

Chega em casa. A luz está baixa. O som ambiente 'tocando B.B. King sem parar'. O original. Ele espera que ela venha dançando no ritmo da música. Ela espera que ele diga que está linda. Ele quer arrancar sua roupa. Ela quer que ele beije-a levemente. Do pescoço até a pontinha da orelha. Quer arrepios. Ela quer sedução. Ele, suor. Ela quer falar. Ele quer sentir.

Sem dizer nada, puxa-a com força. Ela arrepia, como quisera. Ela o arranha levemente as costas. O efeito é instantâneo. E sem uma palavra, sabem tudo que realmente é preciso para que aquilo ali seja perfeito. Silêncio. Os sons e os gemidos são outrora palavras que não se traduzem. É corpo ou é alma? Silêncio. E deixa que assim será. As vezes, aprender a não dizer é mais difícil que qualquer vocábulo. Silêncio. A de se aprender. A de se viver.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

De frente



Descobri que não preciso de guerras. Que as batalhas sem causa, normalmente, causam mais dilemas do que respostas. Descobri que não preciso de disputas. Até porque na maioria delas, o grande perdedor acabo sendo eu. Descobri que não preciso de armas, pois normalmente, o mais armado, é aquele que é acertado mais facilmente.

E isso digo sem medo. É preciso saber lutar. É preciso saber saber resolver. É preciso saber pra onde quer se chegar. Aquilo que antes tanto lhe sufocava pode realmente ter mudado tão rapidamente? E aquilo que agora lhe era indispensável pode realmente ser tão descartável assim? Não preciso rasgar a agenda pra saber dos números que não quero mais.

Parece na verdade que, bater em retirada, mesmo que pareça fraqueza, é simplesmente mostrar que contra fatos não há argumentos. Ora, se está é sua maneira de pensar, viva assim. Mas acredite naquilo que está vivendo. Não faça disso apenas uma forma de fuga. De reflexão, isso sim. E esse, é sim um pedido.

E mesmo que jogue um parágrafo fora, que me contradiga, deixo claro que a luta está firmada. Não existe desistência. Não existe leilão. Não existem armas. Apenas pessoas. Essas sim eu respeito. As que sabem dissolver problemas em soluções, essas respeito mais ainda. E por favor, como se faz isso? A retirada é por vezes a solução, mas nem sempre a cura daquilo que realmente aflige.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Das Complicações


De certo você já se viu em alguma situação onde bate aquela dúvida. Seguir em frente e não olhar para as possibilidades ou parar e tentar tudo de novo. É um eterno recomeço. O que foi, volta. O que volta, mexe. E o que mexe, por vezes, está parado de mais para seguir em frente. E vem o medo. E vem a dúvida de novo. E o pensamento: Por que tantas complicações.

De certo, além de tentar resolver todas as complicações, pode ter ficado pensando em como os outros realmente entenderiam de tomar tal decisão. É o que rege. É o que influi. Andar todo mundo anda. Seguir, nem sempre é tão fácil assim. Mover-se é, na verdade, das mais complicadas coisas do mundo.

Por vezes, para nos movermos não precisamos de algo realmente profundo. Normalmente, inclusive, percebe-se nos pequenos detalhes que coisas que até então eram avaliadas como fortes e firmes, nada mais eram além de cascas feitas de moralismo e sem argumento algum. E quanto menos argumentos as coisas tem, mais a gente tenta argumentar. Pode olhar. É sempre assim.

Por isso desisti de tentar descomplicar. Agora, se possível for, por favor complicarei. Minhas ideias desconectas misturadas com uma sensação incrível de liberdade, podem sim ser razão maior para que eu perceba, pouco a pouco, que todas minhas complicações são criações minhas que não levam a lugar algum. Se é pra descomplicar, bem vindos! Vou complicar mais!

sábado, 3 de setembro de 2011

Das respostas não dadas




Hoje meu telefone me acordou às 7 da manhã. Mais uma vez. Não para fazer a barba, não para sair e muito menos para jogar futebol. Simplesmente toca para resolver problemas que não são meus e que preciso resolver. E é isso que tem acontecido frequentemente. Pouco tem me deixado dormir. E quando durmo, pouco tem me deixado sonhar. E quando sonho, pouco tem me deixado dormir.

E é assim mesmo. Como um círculo vicioso cansado de seus viciados. Sempre na hora errada. Nunca na pessoa certa. Nem do singular, tão pouco do plural. O telefone que toca me faz chorar, mas não me toca. O telefone que tocaria, não chama. E quando chama, some. Devagar. Como a voz que dorme.

Por sinal, minha relação com telefone é barbara. Acho que por isso me tornei tão distante a tudo. E tão alheio em tantas coisas que poderiam fazer sentido. Isso me ajuda na profissão e me torna um profissional melhor. Mas será que as pessoas profissionalmente realizadas realmente não conseguem o ser assim também no pessoal? Tento provar o contrario. A prova são às ligações não respondidas.

Sim. Essas marcam mais que as respostas dadas. É da natureza. A nossa tendência ao coitadismo é tão clara quanto verdadeira. Hoje apenas preciso saber se o telefone toca ou não. E se não tocar é simples: Siga. E se tocar é simples: Faça da presença a necessidade maior que da ausência. O telefone toca. E como tal, a pele e o toque parecem nem existir, mesmo eu sabendo o contrário.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

As chances de sorrir



Hoje o pensamento é claro. Tem-se que aproveitar as chances que a vida oferece. Isso já pode ter sido uma frase pra uns, já pode ter sido uma filosofia pra outros, pra mim é o que rege a vida. E isso não se baseia em grandes ou pequenas coisas. As grandes ou as pequenas, as que nos fazem chorar feito bobos ou as que nos fazem sorrir feito tontos. As oportunidades são sempre únicas.
Pra falar a verdade, se pensar bem, nem todas as chances são únicas, mas as oportunidades são. De um jeito confuso explico. Você pode ter a chance mil vezes de fazer algo. Chegar mil vezes perto de comprar a roupa que gosta, mil vezes ter o dinheiro pra comprar a camisa do time inglês que acha incrível ou ter a chance com a pessoa que você é afim. Mas oportunidade mesmo, de verdade, só existirá uma.
Oportunidade, pra mim, é o momento exato em que tudo conspira a favor. É a hora que a chance se une a vontade. É quando o estar, o ser e o querer estar e ser, ficam tão próximos que nada nem ninguém podem comprometer. Essas são as oportunidades. Essas são as verdadeiras vezes em que não se pode errar.
Não me incomoda o fato de ter perdido chances. Me perturba o fato de ter desperdiçado chances. Por isso hoje, no meio de tanto tumulto e confusão, não perdi a chance de aproveitar o que poderia ter de bom das coisas. E tão pouco a chance de fazer alegria quando meu interior se perdia em confusão.
Não desperdicei a oportunidade de mostrar que mesmo quando tudo queria ser noite, eu posso ser mais que isso. Desde o almoço com os antigos amigos da faculdade, passando pela visita inesperada com direito a carona até chegar a Fanta com bolachinha, pude mostrar pra mim mesmo: Não há chance que não se torne oportunidade, e não há oportunidade que não me esforce ao máximo para não desperdiçar.