sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Silêncio




É a moral de tudo. Querendo ajudar só se atrapalha. Não aos outros, mas a si mesmo. Essa é a verdade. Saber fazer silêncio é preciso. Saber falar urge. Mas tem horas que o silêncio e a palavra são tão unilaterais que assusta. E por isso é preciso dizer: Silêncio. Ainda que doído (e não doido). Silêncio.

É preciso ouvir. É a razão do ser. Mais difícil é saber ouvir. E quase impossível é compreender o que é ouvido. A temática é sempre a razão daquilo que não pode acontecer. Ninguém sabe realmente ouvir. Dá-se tempo para o contragolpe. Ganha-se tempo para que o próximo passo seja dado. São os dados do outro sendo jogados enquanto se prepara o próximo movimento.

Chega em casa. A luz está baixa. O som ambiente 'tocando B.B. King sem parar'. O original. Ele espera que ela venha dançando no ritmo da música. Ela espera que ele diga que está linda. Ele quer arrancar sua roupa. Ela quer que ele beije-a levemente. Do pescoço até a pontinha da orelha. Quer arrepios. Ela quer sedução. Ele, suor. Ela quer falar. Ele quer sentir.

Sem dizer nada, puxa-a com força. Ela arrepia, como quisera. Ela o arranha levemente as costas. O efeito é instantâneo. E sem uma palavra, sabem tudo que realmente é preciso para que aquilo ali seja perfeito. Silêncio. Os sons e os gemidos são outrora palavras que não se traduzem. É corpo ou é alma? Silêncio. E deixa que assim será. As vezes, aprender a não dizer é mais difícil que qualquer vocábulo. Silêncio. A de se aprender. A de se viver.

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