
Tem a hora do arrependimento. A hora em que se usa o telefone para algo que nem se sabe porque. Tem sempre a hora da piedade. E também a hora da autopiedade. E nessa hora, quero passar bem longe. Faz um tempo que tirei o sentimento de pena das coisas legais de sentir. Sinto somente como repúdio. E tem a hora do inconveniente.
Na verdade, apesar de nem sempre parecer, tenho muito medo de me tornar inconveniente. Não tenho medo de pensar ou dizer o que realmente sinto. Mas sinto um receio muito grande de ser obsoleto. Isso acontece volta e meia. Não porque eu queira, mas porque simplesmente acontece. E dessas, nem sempre eu consigo escapar.
Mas quando isso acontece e eu sinto na hora, a vontade é única. Posso simplesmente desligar o telefone, fingir que caiu a linha. Fingir que acabou o crédito do telefone de conta. Mas segue-se. Um pingo de dignidade diante de uma situação tão constrangedora. O constrangido nesse caso, precisa ser também o solucionador do próprio constrangimento.
Tem a hora em que você pensa que as pessoas não precisam ser gratas por nada. Tem a hora em que não precisaram ser tão ingratos assim. Por vezes, as tentativas falhas de resolver problemas também são tentativas. Por vezes, quando se tenta uma solução das coisas para alguém, se esquece que ninguém vai resolver por nós. E nessa hora me pergunto: realmente eu era o inconveniente?
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